quinta-feira, setembro 23

Quero não querer mais fantasiar.
Os dias vão passando e cada dia é mais fácil seguir em frente. Mesmo que você passe metade do dia pensando em esquecer tal pessoa e a outra metade pensando em como seria bom tê-la ainda com você, você não tem mais esperança de voltas, nem nada. Você não quer insistir sem fé mas, também, não quer perder contato com a pessoa. Você pode pensar em vários motivos para a pessoa não te querer mais e não consegue raciocinar direito, só consegue pensar nos momentos bons. Você só lembra de como foi boa a primeira vez que vocês foram ao cinema, a primeira conversa, o primeiro beijo, o primeiro carinho, a primeira vez que você cozinhou para a pessoa. Lembra de como foi feliz, das piadas sem graça que te faziam rir, dos seus filmes que eram sempre criticados, de quando os nuggets queimaram, de como todos os problemas pareciam sumir quando a pessoa chegava, de quando o filme do Godard decepcionou mas você não ligou porque tinha a pessoa ao lado.
Você se conforma aos poucos, sabe que sempre existe a tal coisa chamada de "impulso vital", que não deixa que nenhuma dor insista por muito tempo. Assim, um dia, no meio de uma frase, de uma conversa besta, de um passeio, você se pega pensando algo como "estou contente de novo". E mesmo sabendo que isso é bom para você, você sempre sentirá saudades desses momentos que não voltarão.
E, talvez, isso te deixe triste. Mas uma tristeza diferente. Uma tristeza por não sentir mais tanta falta da pessoa, quer dizer, por não sentir mais falta como sentia, por ter visto que a saudade ficou diferente. Então, você vê que é possível, sim, a convivência com essa pessoa mas não que nem antes. Agora a convivência é meramente casual. A pessoa não sabe mais o que se passa na sua vida, se você está feliz, se quase morreu, se está doente, e vice e versa. E você fica triste com isso. Talvez, "triste" não seja a palavra certa. Talvez, apenas sinta um vazio, um vazio por não ter com quem compartilhar sua dor, sua alegria. Então você percebe que nem a pessoa mais íntima pode compartilhar essas coisas e começa a amar novamente, mas com o coração em paz.
Talvez você tenha sido enganada pelos milhares de filmes românticos que você já viu, por isso, você fantasia com um amor perfeito. Por isso você espera que esse amor aconteça todas as vezes que você entra numa livraria, numa floricultura, no cinema, em todos os lugares. Você espera que sua vida seja um desses filmes, onde os amores se arrependem de terem ido embora e voltam trazendo flores, bombons, e seu amor de novo. Quando você percebe que isso não vai acontecer, você não sabe bem o que deve sentir, ou o que está sentindo. E pensa que nunca mais vai amar de novo, mas com o passar do tempo você procura o amor por todos os cantos novamente.
Enquanto isso, e o amor da sua vida, onde estará? Talvez tomando um Martini num bar com uma pessoa, ou numa cafeteria. E se ele for tão inteligente, e gostar tanto de chuva, de frio, de sombra, de cinema clássico, de coca-cola e chocolate quanto você? Gostar das mesmas coisas? isso seria o suficiente? Você fica triste com o que não acontece. Você espera ansiosamente esse primeiro encontro.

Tentando escrever mas só sai você.

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