terça-feira, abril 26

[...] "Mas tô me divertindo, ué. Não é isso que mandam a gente fazer? Quando a gente chora e escreve aquele monte de poesia profunda. Quando a gente se apaixona e tudo mais e enche o saco dos amigos com aquela melação toda. Não fica todo mundo dizendo pra gente parar de tanto drama e se divertir? Poxa, tô só obedecendo todo mundo." [...] 

domingo, abril 24


E você ja esqueceu outros caras antes.

Ele é só um cara. Só um cara. E quer mesmo saber?
É um cara como todos os outros caras. Esse que te perguntou as horas no meio da rua.. Podia ter sido ele e você nem ligou. O mendigo, o ginecologista, o padre, o dealer. Ele estava ali o tempo todo. E ele não estava. Ele é só um deles. Vários. Uma legião. E ninguém. É só um cara. E não a sua vida. E não todos os dias da sua história. E não todas as suas lágrimas juntas em um único sábado solitário. Ele não é o destino. É um cara. Existem muitos destinos. Ele é só um cara que mal sabe escolher os próprios perfumes. Não sabe sangrar. Não sabe que nome daria a um filho. Não pode ficar mais tempo. Ele é só um cara perdido como muitos outros caras que você encontrou. E perdeu. Ele é só um cara. 
E você já esqueceu outros caras antes.



sábado, abril 23

crio hipóteses para um amor de verdade
crio coragem pelo fruto da necessidade
crio desejo de repetir alguns erros
crio vontade de mudar sem medo
crio respostas para velhas perguntas
crio novas perguntas sem nenhuma resposta
crio um caminho para refazer a viagem
crio espaços para novas mensagens
crio versos que saúdam as mudanças
crio um espírito com mais esperança
crio um corpo com menos desgosto
e recomeço tudo
de novo
Os olhos cansados dos livros, o café forte e quente, e eu me pego pensando: será que vale a pena? Quer dizer, não que seja arriscado, ou perigoso, mas vale a pena se machucar tanto por algo que, é bem possível, tenha apenas essa finalidade: abrir pequenas feridas que eu sei que demorarão para se fechar?
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah

eu precisava gritar, nem que fosse só na teoria.
  
“Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez”


Lembro que chorei muito a primeira vez que li isso.
Pensar em ti dói. Não tanto como era antes, quando era uma dor quase insuportável que me fazia pensar em tanta besteira, eu costumava até mesmo pensar que nunca encontraria outro, tanta ingenuidade! E que me fazia me condenar tanto pelos meus e pelos teus problemas, medos e defeitos. Não, agora é uma dor quase saudável, daquelas que a gente se permite de vez em quando para dizer que a vida é meio cruel.
Quando vem essa dor, ou melhor, essa pequena inquietação, eu me pego pensando se teria como dar certo, como nós darmos certo. Acho estranho usar “nós”, para mim sempre fomos um só. E penso que um dia ainda te digo o que foi para mim todas aquelas madrugadas e beijos e sonhos e planos e juras que, apaixonados, fazíamos um ao outro. E vou te dizer que ainda te sinto, que teu cheiro nunca me abandonou que, sempre que acordo, vejo tua cara de sono e teu corpo jogado ao meu lado na cama vazia. E eu diria que a gente daria certo, mesmo você amando futebol e eu moda, que você assista filmes inteligentes e eu chore com comédias românticas, que eu vou pouco me importar com você chegando mal em casa depois de tomar um porre com os amigos, que talvez eu até pare de falar de mim e ceda ao teu egocentrismo e que, enfim, ceda àquelas fantasias e idéias mirabolantes de deixar tudo pra trás e desbravar o mundo com uma mochila nas costas. Eu até diria que a gente se conheceu num bar cafona, mesmo não achando.
Mas se na hora faltar coragem, eu digo “não era pra dar certo, mesmo” porque talvez no fundo seja essa a verdade.

(Muito mal, nesse momento.)
Cerca de um mês antes de morrer, meu avô disse que não queria viver muito mais, que não havia sentido em. Pensando nisso agora, e lembrando-me da paz com que ele me falava isso enquanto olhava pela janela, eu entendo a morte e a acho simples: nós não conseguimos mais resistir. Passamos uma vida colocando mais coisas sobre os ombros e tentando nadar contra a corrente, até que chega um ponto em que a gente simplesmente cansa. Deixamos as pernas fraquejarem e que a corrente nos leve no sentido que quiser.

sexta-feira, abril 22

por que eu sei que tu vai ver

Eu não tô querendo atrapalhar a vida de ninguém, mas tô querendo salvar a minha. Já estava difícil levar, agora parece ainda pior: parece que me resta só um fiozinho bem fino. Eu entendo teu lado, mais que o teu, entendo o lado dela. Muito mais o dela, mas as coisas tinham mudado, não? Desde a noitada com os amigos teu amor morreu em mim. Me tornei livre daquele sentimento que me dominou por tanto tempo. Continuaste sendo essencial, mesmo assim, porque tu és (e agora já não sei mais) meu amigo; tanta coisa que contei só para ti, compartilhei só contigo. Não entendo esse rompimento repentino, não quero entender. Só estou de pé, vivendo, hoje, porque ontem três amigos sustentaram a situação para mim – ouvindo choro no telefone, me abraçando, tentando me acalmar, me distrair. Eu não tinha forças. Grande parte da minha força estava na tua amizade, na tua presença na minha vida. Não passo uma hora sem que um desespero terrível me ataque e eu tenha que me trancar em algum lugar para segurar o choro. Talvez eu esteja parecendo neurótica ou dramática demais, mas tudo isso me parece ainda fraquinho, a dor é bem maior. Não vou conseguir te descrever ela.

Quero só que a nossa amizade não seja descartada assim. Quero continuar, mas sem benefícios. Eu não quero mais benefício nenhum. Desculpa a frieza em te dizer isso, mas descobri que eles já não me agradam tanto assim. Então, qual é o problema? Quero poder conversar contigo como as duas grandes amigas que nós sempre fomos. Te contar coisas e teu ouvir, e tentar te ajudar, e falar bobagem, discutir livros, filmes, músicas, enfim... Mas não te perder.
O que eu preciso fazer?
É que cansam tantos erros, tantas frustrações, gente que se perde… E o tempo se arrasta, como se para me torturar. O tempo não é o sol nascer e se pôr – é o quanto as coisas mudam. Quando é para pior, ele retrocede; isso anda acontecendo tanto, não consigo controlar. Estava tudo tão bem, tão certinho e harmônico e de repente começou a desmanchar, derreter e fugir ao alcance das minhas mãos.
A idéia de que isso significa uma vida errada não me sai da cabeça. Só pode. Mesmo com tanta gente especial à minha volta, algo me diz que não é aqui que eu deveria estar – mas onde mais? eu me pergunto. Enquanto eu me debato nas parede dessa caixa de questionamentos, escura e apertada, não é que uma luz aparece? é o futuro me perguntando o que eu vou fazer dele. Peço-lhe para esperar: Ainda não é tua hora, resmungo, mas ele sabe: eu era muito diferente quando entrei aqui; eu o temia. Agora eu só não o abraço com toda a força porque ainda há muita gente que eu perdi nesse escuro, mas que vou encontrar, vou recuperar. E o tempo vai correr de novo.
Ela também teve seu coração machucado. Dilacerado, imagino. Normal. Desse mal, meu bem, ninguém escapa. Mas o bom disso tudo é que agora consigo abrir meu coração sem rodeios. Sim, amei sem limites. Dei meu coração de bandeja. Sim, sonhei com casinhas, jardins e filhos lindos correndo atrás de mim. Mas tudo está bem agora, eu digo: agora. Houve uma mudança de planos e eu me sinto incrivelmente leve e feliz. Descobri tantas coisas. Tantas, Tantas. Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor. Que viver um amor. Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases e livros e sentidos. Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente. E olhe pra ele. Olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. Descobri, ou melhor, aceitei: eu nunca vou esquecer o amor da minha vida. Nunca. Mas agora, com sua licença. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço. Meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora, me chama!

quarta-feira, abril 20

Sinto a necessidade de te proteger, de estar sempre presente pra aplaudir cada vitória, vibrar cada conquista, chorar cada perda, lamentar a cada erro, sorrir a todo instante. eu sinto a necessidade de te tornar eternamente personagem ESSENCIAL na minha vida pra poder brincar de contar historinhas e dividir com os outros meus tantos momentos de felicidade que eu posso ter um dia. por isso, eu não sei o que seria de mim sem você. sei lá, é tão RECÍPROCO, é tão verdadeiro, que eu não preciso dizer tudo isso aqui, sabe? mas digo mesmo assim. eu vou te provar, que isso nunca vai acabar. que o meu amor, é o mais sincero que pode existir. não adianta eu ficar falando, falando, e não provar isso né? poisé, acho que Deus sabe porque. Deus sabe que amizade assim existe né, pra me fazer cantar quando tudo parece impossível. pra me fazer sonhar mesmo quando a desilusão bate na porta.pra me fazer ouvir as coisas mais tabacudas. pra me fazer sorrir nas horas mais difíceis, pra me fazer acreditar quando tudo parece perdido. pra me fazer vibrar, chorar ou botar pra quebrar como forma de jogar tudo pra fora. você é pra nunca se botar defeito. (APESAR DE TER MUITOS) mas acho que só você sabe ser assimdona do coração mais gigante. do amor mais infinito. do jeito mais acolhedor que se for preciso ela se dá por inteira. por fora e infinitamente exagerada por dentro. tu é assim. 

segunda-feira, abril 18

Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso.
A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão.

domingo, abril 17

Vai passar, tu sabes que vai passar.Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloquentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não.Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência. Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia,sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de "uma ausência". E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços. Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome,a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada.(...)
Ás vezes você acha que as coisas estão ruim, que nada está indo bem.. E quando você se dá conta, as coisas estão bem pior do que se pensava. Quem sabe seja exagero, ou invenção dos olhos, mas.. que antes fosse. Você para, tenta pensar, é realmente isso que está acontecendo? Será que existe mesmo essa coisa de roubar a felicidade? Ou deveria pensar na felicidade que não existia? Mas você sabe, tanto quanto eu, que existiam possibilidades. Talvez não haja em mim maturidade suficiente para tentar não chorar. Para tentar ao menos encarar, antes fosse com um sorriso na cara. Mas até mesmo chorando, e que desse pra encarar. Mas estou tão para baixo que acho mesmo impossível pensar nesse momento em encarar alguma coisa.. Isso requer forças, e eu não as tenho agora. Apenas.
Pedi pra mãe : — Me interna, tô infeliz pra caralho.
Parei, talvez, de odiar o amor. Mas o amor, na verdade, ficou lá. Duro que nem pedra. Daqueles que não vão embora nem com reza brava. Amor adolescente, pensei. Com certeza, se eu virar mulher, esse amor bobinho passa. Amor de menina boba. Tratei, então, de virar mulher. Quem sabe mudando de casa, esse amor não se mudava de mim? Nada feito. Casa nova, cama nova, novas contas pra pagar. E o mesmo coração idiota. O mesmo amor de sempre. Coisa chata, não?

sábado, abril 16

Estou na fase que meu coração agora acalmou, fiz o que podia e mais, deixei um dos meus mais valiosos bens pra trás, meu orgulho latente e gritante, só para poder, quem sabe, ser parte da realidade alheia!

sábado, abril 9

Depois, um amigo me chamou para ajudá-lo a cuidar da dor dele... 
Guardei a minha no bolso. E fui.
Aprendi também a não contar muito com os outros: na medida do possível, faço tudo só. Dá mais certo. Acho que a gente tem que vencer. Ou lutar. E ficar bem. Feliz. Criar. Fazer. Se mexer.
"E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços. Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos..."



sexta-feira, abril 8

Porque é muito mais fácil falar que é amigo, que te ama, e que tem saudade, quando isso acontece poucas vezes, quando a pessoa só vem de vez em quando, pergunta se está tudo bem, fica sabendo de algumas novidades boas ou ruins, e depois vem falar de amizade, etc.. Quero ver conviver com a frequência, sabendo aturar sim, ali a cada dia, a cada momento, sabendo dos erros, sabendo das coisas ruins, tentando encontrar formas de sobressair de alguns momentos embaraçosos.. Saber a hora certa de chegar e trocar uma idéia, e saber a hora certa de ficar ali na minha, e entender o seu lado. Costumo dizer que amizade é frequência, é renovação, é estar ali naquele cantinho sem precisar ser inconveniente. Estar disposta a acordar todos os dias procurando uma forma de renovar as coisas, de sair da mesmice, e a fazer as coisas que vão te fazer esquecer das besteiras, e saiba.. Não é fácil! Quero que saiba também relevar os meus erros, quase sempre cometo falhas, e espero que ao invés de se chatear, esteja disposta a me ensinar, há pessoas que nesse ponto não são orgulhosas, sou uma delas. Amizade é tudo aquilo que estou disposta a fazer por você, ou melhor, por nós! /clichê

sábado, abril 2

Andei amando loucamente, como há muito tempo não acontecia. De repente a coisa começou a desacontecer. Bebi, chorei, ouvi Maria Bethânia, fumei demais, tive insônia e excesso de sono, falta de apetite e apetite em excesso, vaguei pelas madrugadas, escrevi poemas (juro). Agora está passando: um band-aid no coração, um sorriso nos lábios – e tudo bem. Ou: que se há de fazer.